O professor nos apresentou um escritor muito bom chamado Gonçalo Tavares. Durante as duas semanas, lemos o seu livro “Ou o homem é tonto ou é mulher”. É um novo estilo literário, pois envolve a prosa, mas em disposição de poesia. O conteúdo é muito direto, como se fosse uma “filosofia aplicada” ou uma meditação escrita. É um tom sarcástico mas numa medida boa de se ler. O Saramago elogiou seu trabalho, falado que era um escritor com um futuro brilhante. Inspirada nesse estilo do Gonçalo que acabei escrevendo o texto “Tudo que não existe”, postado aqui no blog há um tempo.
Transcrevo aqui algumas linhas do seu livro “Ou o homem é tonto ou é mulher”.
“Tenho pedras no bolso.
Muitas pedras no bolso.
Troco duas pedras por uma maquina de pensar.
Quando penso dói-me a cabeça.
Daí as pedras.
Tenho 5 pedras porque penso mal 5 vezes.
Tenho 5 pedras nos bolsos.
Quero viajar.
Mas para viajar é necessário ser leve.
As pedras são pesadas.
Não consigo viajar com tantas pedras.
Tenho tantas pedras dentro da cabeça, dentro do crânio.
Total: 5.
Daí meu peso.
Impossível viajar com tanto peso.
Quero comprar uma máquina que pense por mim.
Tenho o livro de um filósofo.
Tenho 2 livros de um filósofo.
Um livro é uma máquina que pensa por mim e é uma máquina barata.
Mas eu não quero que pensem por mim sempre da mesma maneira.
O mesmo livro pensa sempre da mesma maneira.
Se eu fechar o livro, calo-me, e as pedras pesam-me mais no crânio.
Se eu abrir o livro começo a falar, mas digo sempre a mesma coisa.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário