Ao chão, os restos do ocorrido.
Pairando no ar, uma ausência de palavras.
Uma tensão compartilhada pelo choque, gerada pela realidade da impotência por não haver mais nada a fazer.
A não ser eliminar os restos.
Os restos resultantes de um ápice, um limite externalizado em ação.
Os guardas ali, inquietos, como se nunca nada percebessem ser um perigo eminente.
Inoperantes. Incólumes nas suas consciências vazias.
E ele, ele chegou ao limite de sua existência.
Rendição à dor, à falência do existir, da vontade da ação.
Mas quase tão forte quanto à vontade necessária para viver, é a coragem necessária para por fim à vida.
É um tanto contraditório.
Chega a ser um paradoxo, pois que para se antepor à idéia da ação de viver, o argumento da dor, torna a mais difícil decisão de deixar, atraente.
Quanto mais penso que a vida é difícil, cheia de linhas nas entrelinhas, meu lado obscuro permite-se imaginar o fluir deste caminho.
Neste momento, aqui, de forma tão torta, imagino uma sucessão de situações...
Todas passíveis de mudanças, sejam subordinadas de vontades alheias ou destino.
O vazio me toma o centro.
Dizem que esvaziar a mente é saudável.
Mas desde que não se sinta só.
Quando se está vazio, sentindo-se só, ou em busca de algo, o sentimento pode ser a beira do desespero.
Vem a vontade irrepreensível de fazer parte de algo, de querer e ser quisto.
De desvendar um mundo que está sob os olhos abertos, que se mostra de repente, e inunda todo o vazio.
Aí vem a opção consciente, de optar pela vida, pelo movimento.
Existir.
Seja como for esse processo, as sensações que envolvem os sentimentos podem confundir a razão.
Os sentimentos por si só já bagunçam tudo.
A cegueira que a eminência de uma dor pode gerar, acua.
Quando me permito sentir as sensações de histórias sonhadas, é tão intenso, que penso poder saciar-me, abrindo mão da vivência.
Talvez seja por isso que tenha abdicado de viver a realidade.
A realidade pode ser cruel.
Ela é dominadora e inflexível com a dor.
Aí, o meu lado cinzento tomou a meia claridade.
E aos poucos, recusei-me à realidade.
Será que testarei meus limites da forma como restaram as marcas no chão?
Essas marcas que insistem em permancer colorindo a minha mente.
O rubro.
O calor do rubro.
Eu, da forma como hoje me manifesto neste ambiente, permaneço inerte mediante a força do nada.
E eu aqui, sempre sem achar a intercessão, em meio a toda essa continuidade desconexa à realidade, à razão, àquilo que denominamos como normal.
A normose que nos classifica e exclui.
A tensão daquilo que clarifica as diferenças.
Mas não, o mundo me segura.
Segura-me com força.
Mesmo que pelo meu lado masoquista, mas me retém com vigor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário